terça-feira, 22 de maio de 2012



 No triângulo Kurussa - Niani - Niagassola, entre Guiné e Mali, no oeste da África, desenvolveu-se um grande império que obteve grande expansão, tornando-se o maior e o mais prestigiado império africano da Idade Média – O Império Mandinga ou Kendê-Mandê. Os mandingas teriam vindo do Leste, e instalaram-se em três províncias: O país de Do, o Kiri e Ba-ko e formavam uma confederação de clãs onde podemos citar entre eles os Camará, Traorê, Condê, Kurumá e Konatê, entre outros. Após uma longa hegemonia dos Camará, depois dos Traorê, os Konatê dominam a região, e é com uma ramificação deste clã, os Keita, que se inicia o Império, sob o comando de Sundjata Keita (1205 – 1255).

São de origem Mandinga os grupos étnico-linguísticos : Malinkê, Bambara, Dioula, Bobo, Sussu, Soninkê, Bozo, Bisa, Kuranko, Tomã, Mende, Tura, Dan, Koniakê, Guerzê, Manon, Kpelê, Gouro, Ligbi, San, Busa, Way e Gagu. Os três primeiros dessa lista possuem mínimas diferenças lingüísticas e são considerados os “fundadores” de todo o tronco Mandinga.

A música e a dança estão presentes em todas as solenidades Malinkês e na maior parte das reuniões populares até os dias atuais, onde unem e transformam numa só manifestação, simbiótica e alegre.

O djembê (fala-se djembê ou djembé) é um tambor em formato de cálice, confeccionado em tronco de madeira escavado (originalmente o Lenkê). É originário dos Mandingas, mas não há uma precisão de datas e há várias histórias e lenda sobre a sua invenção. Alguns asseguram que foram os ferreiros/engenheiros (Numu), a partir de abrangentes necessidades de comunicação e manutenção social. E seu formato é assim pois dizem que ele foi feito a partir de um pilão... Ele já passou e actualmente ainda passa,  por diversas evoluções e transformações em seu formato e na sua montagem, onde sua afinação possibilita freqüências sonoras extremamente agudas, devido à chegada das cordas sintéticas, dos aros soldados, e das ferramentas que auxiliam a afinação da pele. Existem relatos de antigos djembês esticados com paus como o Sabar e djembês afinados com cunhas, como atabaques. Se compararmos gravações antigas (de 1930 a 1950) com as mais recentes (a partir do fim da década de 50 e início de 60 até hoje) vemos que os djembês tinham uma afinação muito mais baixa.

A grande força do djembê é o seu conceito de “falar”, onde a personalidade do músico, sua educação, sua cultura e seu conceito de mundo ficam em evidência, uma vez que os Malinkês, um dos principais grupos étnicos dos mandingas, são considerado como “Pessoas da Fala”. Dão grande importância à colocação das palavras.

 Os djembefolás (pessoas que fazem o djembê falar) sempre foram considerados de "homem de nada" (mófu), o mais baixo na hierarquia dos instrumentistas, sendo que até hoje eles podem sofrer a repulsa dos pais de suas futuras noivas. Eles só começaram a ganhar destaque na Guiné e depois internacionalmente com a revolução do presidente Sekou Touré, que recrutou os melhores artistas de cada aldeia e etnia e patrocinou inúmeros grupos de música no formato de Big Bands (22 pessoas ou mais) assim como a criação do  ballet internacional.

Atualmente os djembefolás são responsáveis por um turismo cultural intenso na Guiné, onde muitos são respeitados como heróis nacionais e vivem muito bem no exterior, voltando periodicamente para ministrar seus workshops e movimentar a economia guineana
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